E se eu não quiser dizer?
Reflexões sobre o direito de ser, sem precisar justificar cada gesto.
Chegou um belo dia em que me perguntei: por que preciso me explicar? Essa pergunta ficou ecoando nos meus pensamentos por dias. Se não feri ninguém, se não desrespeitei nenhuma lei, por que tenho que prestar contas?
A roupa que vesti naquele evento, o curso que escolhi fazer, o “não” que disse com firmeza, o “sim” que pronunciei com dúvida, a sobremesa que sempre repito, a música que me irrita, o filme que me encantou, a série que abandonei, o dia em que fui embora sem avisar, a mensagem que respondi no dia seguinte, o trabalho que antecipei, a declaração de amor que fiz sem aviso… Por que tenho que justificar minhas escolhas, meus gostos, minhas atitudes, como se minha vida fosse um teste que alguém precisa avaliar?
Antes, eu sentia uma estranha obrigação de deixar tudo claro. Bastava alguém dizer um “A” sobre mim, e lá ia eu, correndo me explicar. Por quê? Vivi anos tentando corresponder. Como se minha existência precisasse ser moldada para caber na expectativa alheia.
Gastei tanto da minha energia tentando me justificar, tentando ser entendida, tentando não desagradar… E, às vezes, fui mal interpretada e julgada do mesmo jeito. Sinceramente? Boa parte disso não vale a pena.
Mas aprendi, com o tempo, que nem tudo precisa ser exposto. Nem todo sentimento precisa ser traduzido. Há coisas que pertencem só a mim — e isso basta.
Hoje, escolho o que quero explicar e, principalmente, a quem. Não por medo de ser malvista, mas porque meu tempo vale mais do que tentar convencer quem só quer me enquadrar. Minha vida, com todos os erros e acertos, é minha.
E se alguém quiser me entender, que bom. Porque agora, finalmente, eu estou me escolhendo, e não mais me justificando. Explicar será um bônus — oferecido às pessoas de boa-fé.
Muito bom e também acho que devemos explicações apenas aos que próximos de nós estão. Inimaginável dar ouvidos e tentar explicar tudo! Melhor fazer de conta nem ouvir... beijos, lindo dia! chiuc a